Em Betânia, Jesus se revela como fonte de vida: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim ainda que morra viverá” (Jo 11,25).
A perícope Jo 11,17-37 traz o diálogo de Jesus com Marta e Maria, irmãs de Lázaro. Este diálogo é o centro da perícope. Nele, é aprofundada a relação da morte e da vida – da vida biológica e da ressurreição.
Quando Jesus fala a Marta que seu irmão Lázaro vai reerguer (ressuscitar) ela afirma que crê na ressurreição do último dia. Marta imaginava uma ressurreição longínqua. Jesus aproveita para fazer uma nova revelação de si próprio: “Eu sou a ressurreição e a vida” (Jo 11,25). Jesus identifica-se com a ressurreição que é a vida. A ressurreição passa por Jesus, Ele afirma ainda, que todo aquele que crê nEle, não conhece a morte eterna (Jo 11,26).
Quem crê na ressurreição, crê em Jesus Cristo, pois Ele é a vida. Jesus é a vida para todos os que creem nEle. Ele não vem prolongar a vida física, que as pessoas possuem; vem comunicar a vida que Ele próprio possui e que dispõe. Essa vida que é sua, e que Ele dá, é Ele mesmo, por seu próprio espírito.
Marta acredita na ressurreição no último dia (Jo 11, 24), mas ela não conhece o novo que há em Jesus, sem contradizer a ressurreição do último dia (Jo 5,28s; 6,39). Jesus explica que essa ressurreição está presente em sua própria pessoa. Em sua pessoa, torna-se presente o dom da ressurreição, interpretada como a vida verdadeira que vem de Deus, a vida que é de uma ordem diversa da ordem biológica, e Ele afirma “a ressurreição sou eu”. A expressão “eu sou” não significa um definição ontológica, mas o dom que Jesus em sua própria pessoa apresenta a seus seguidores, isto é, a sua missão salvífica. Na pessoa de Jesus não está presente só a ressurreição, mas a ressurreição e a vida. Esta é, desde já, participação na vida em união com Deus, que Jesus inaugura e proporciona, e que se torna realidade pela aceitação e adesão a sua pessoa e a sua prática.