Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima

De vez em quando, alguém me pergunta: quando um crente chega à minha casa, como devo proceder? O que fazer? Claro que não tenho receitas, mas algumas ideias me vêm à cabeça:

Foto de Linford Miles na Unsplash

Pra começar, todos nós que temos fé somos crentes, ou seja, pessoas que creem. É também costume chamar os irmãos de outras Igrejas de “evangélicos”. Mas todo cristão deve ser necessariamente evangélico; procurar conhecer e viver o Evangelho.

Mas isso não importa. Importante é ter consciência de que somos todos irmãos e irmãs. E todos merecemos o mesmo respeito. Quem vem à nossa casa, deve ser bem acolhido. Respeito e acolhimento devem ser marcas dos cristãos.

Se você não quiser ou não puder receber a visita, agradeça. E faça isso com educação e gentileza. Sabemos que há pessoas interesseiras, falsos pastores, pessoas de má fé, assaltantes – em todos os sentidos. Mas há muita gente bem intencionada. E Jesus nos manda acolher sempre.

Se você aceitar a visita, pode dar os parabéns à pessoa pelo seu ardor missionário. É bonito quando alguém ama Jesus Cristo e sua Igreja a ponto de querer evangelizar. Isso falta em muitos de nós católicos. O ardor dos outros deve nos servir de exemplo, e não de crítica.

Se a pessoa quiser conversar, ouça o que tem a dizer, mas fale também da sua fé, do seu amor a Deus e à Igreja. Se conhece um pouco da bíblia, fale sobre isso. Se não conhece, é hora de ‘criar vergonha’ e se interessar mais pela Palavra. Nas celebrações, leituras, grupos de reflexão, programas de televisão e rádio, internet, encontros de formação você pode aprender muito.

Os ‘evangélicos’ fazem algumas críticas aos católicos, muitas vezes com razão. Mas é bom você ter argumentos para conversar. Por exemplo: a maioria não aceita as imagens, ou diz que nós as adoramos. De fato, alguns católicos exageram. Atribuem às imagens poderes que não têm. Mas, na bíblia, a proibição de fazer imagens está ligada ao perigo da idolatria. Não se pode fazê-las para depois ajoelhar diante delas.

Confira em Ex 20,4-5; Dt 4,15-20; Lv 19,4. Porém, o próprio Deus pede a Moisés que faça a imagem de dois querubins de ouro para guardar a Arca da Aliança (Ex 25,18-20). Deus ordena ainda a Moisés que faça uma serpente de bronze no deserto e diz: “Todo aquele que for mordido e a contemplar viverá” (Nm 21,8). Jesus retoma essa passagem (cf Jo 3,14ss).

No Templo construído por Salomão havia dois querubins de madeira ao lado da Arca, além de vários outros (cf 1Rs 6,23-29). Essas imagens são sinais da presença, como as fotos que usamos.

Outra crítica é com relação ao culto a Nossa Senhora. Aqui também há exageros. Alguns a colocam como a quarta pessoa da Santíssima Trindade, como o dá a entender imagens do “Divino Pai Eterno” e outras. Há muitos que endeusam a Virgem. A infinidade de títulos marianos acaba confundindo a cabeça de muita gente. Também a preocupação exagerada com a virgindade física, com o fato de Jesus ser filho único e de Maria ter continuado virgem no casamento pode acabar ofuscando o essencial, que é a fé, a fidelidade, o serviço, o compromisso com o Plano de Deus.

Contudo, ao prestar culto a Maria, estamos nos inspirando no próprio Deus, o primeiro a confiar nela e a lhe oferecer a sublime missão de ser a mãe do seu Filho encarnado. Ele é o primeiro a reconhecer que ela é “cheia de Graça”. Se Ele confia nela, por que não iremos confiar?! E Maria prediz no Evangelho: “Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,48). É isso que fazemos. Sabemos que Jesus é o único mediador, quem pode nos salvar, mas, como diz o Pe. Zezinho, “se podemos orar pelos outros, a Mãe de Jesus pode mais”. Confiamos nela.

Alguns ‘crentes’ chegam a afirmar que nós católicos não iremos nos salvar. Se alguém lhe disser isso, você pode responder que só a Deus cabe julgar. Jesus veio para salvar a todos. Não para condenar. Não somos nós que vamos ensinar a Deus e dizer quem Ele pode ou não salvar. Além disso, Deus não condena ninguém. Ele “é amor, é paciência e perdão. Sua ternura abraça toda criatura” (Sl 144) e, por meio de Paulo, nos convida a nos revestir “de sentimentos de bondade, humildade, compaixão” (Cl 3,12). Nós é que nos condenamos, quando nos afastamos do Amor.

Finalmente, se você não estiver com tempo ou vontade de conversar, diga ao visitante que já faz parte de uma Igreja, tem fé em Deus, já conhece um pouco o Evangelho e, por isso, acha melhor que ele vá procurar outras pessoas mais necessitadas, que ainda não descobriram um caminho, não têm fé, não participam de uma Igreja, precisam de apoio. E que estará orando e torcendo por ele.

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